O que o Coronavírus tem a ver com a Anemia? Médico Nutrólogo  Alexander Gomes de Azevedo  explica

O que o Coronavírus tem a ver com a Anemia?

Atualmente, o mundo está passando por um sério problema de saúde pública, a pandemia provocada pelo novo coronavírus, o COVID-19.

Esse vírus, cujo os sintomas se assemelham a uma gripe, está se espalhando rapidamente e provocando milhares de mortes, principalmente em populações mais vulneráveis como é o caso dos idosos e as crianças mais novas.

Para que esse vírus não cause danos importantes para nossa saúde, é importante que nosso sistema imunológico esteja funcionando bem, o que não ocorre em pessoas com anemia, que ficam mais expostas e vulneráveis a agressividade desse vírus.

Ao contrário do que muita gente imagina, o coronavírus não é algo novo. A maioria das pessoas se contamina com algum dos coronavírus comuns ao longo da vida, sendo que as crianças pequenas estão mais propensas a se infectarem. O COVID-19 é uma nova variação deste vírus.

Em geral, os coronavírus causam infecções respiratórias de leves a moderadas, e de curta duração. Coriza, tosse, dor de garganta e febre são alguns dos sintomas mais comuns, porém, algumas vezes podem causar infecção das vias respiratórias inferiores, como pneumonia e bronquite.

Algumas variações deste vírus podem causar síndromes respiratórias graves, como a síndrome respiratória aguda grave que ficou conhecida pela sigla SARS (da síndrome em inglês “Severe Acute Respiratory Syndrome”) e o atual COVID-19 que tem se espalhado muito rapidamente causando milhares de mortes.

Esse quadro mais grave da doença pode ocorrer em pessoas com doenças cárdio-pulmonares, idosos e também em adultos e crianças com sistema imunológico comprometido pela anemia.

CRIANÇAS COM ANEMIA TEM MAIOR RISCO DE CONTRAIR VÍRUS

O ferro tem muitas funções importantes no corpo, incluindo a regulação do sistema imunológico e a deficiência deste mineral pode comprometer a função imunológica causando impacto tanto na facilidade em contrair doenças como na gravidade dessas infecções.

Um estudo americano sobre a mortalidade infantil por influenza (vírus da gripe) indicou que a maioria das mortes atribuídas ao vírus, ocorre em menores de 5 anos. Nessa idade, as crianças têm maior facilidade em se infectar e correm o risco de contrair doenças mais graves.

Em outro estudo Australiano de 2016, pesquisadores concluíram que  a anemia por deficiência de ferro foi um importante preditor de agravamento da doença, principalmente na faixa etária abaixo de 2 anos. Essas crianças tinham quase cinco vezes mais chances de serem admitidas em hospitais para cuidados de alto nível, pela gravidade da doença. Além disso, a anemia foi identificada como um fator de risco para insuficiência respiratória em crianças internadas no hospital por pneumonia adquirida na comunidade.

Já um estudo recente, publicado em 2020, demonstrou que a composição do sistema imunológico das crianças varia de acordo com a idade, localização geográfica e condição de anemia.

Portanto, é importantíssimo corrigir a anemia em crianças, principalmente as menores de 5 anos de idade, para melhorar o sistema imunológico e reduzir o risco de adquirir doenças infectocontagiosas como é o caso do novo coronavírus, o COVID-19.

coronavírus

COMO EVITAR A ANEMIA POR DEFICIÊNCIA DE FERRO

Veja abaixo algumas das principais fontes de ferro na alimentação.

  • Carne vermelha e vísceras (fígado);
  • Vegetais verde-escuros (ex: brócolis, couve, espinafre)
  • Algas marinhas;
  • Legumes
  • Feijão, grão-de-bico, ervilha e lentilha
  • Cereais integrais (ex: aveia e quinoa)
  • Sementes (gergelim e abóbora)
  • Frutas (ex: damascos secos, uva passa)

Importante!

O ferro de fontes vegetais são menos absorvidos que os de fonte animal, por isso, para aumentar a absorção do ferro dos vegetais é necessário incluir suco de limão e frutas cítricas (ex: laranja, goiaba, tomate) além de evitar consumir alimentos ricos em cálcio, café e chás na mesma refeição com ferro, pois eles prejudicam sua absorção.

Uma alimentação correta, rica em nutrientes é a melhor maneira de repormos a quantidade de ferro para nossas crianças. Porém sabemos que isso é muito difícil de conseguir, principalmente em comunidades mais carentes. Então, a forma mais simples de aumentar a hemoglobina é através da suplementação de ferro para crianças. A suplementação diária ou semanal são igualmente eficazes para aumentar a hemoglobina.

ENTÃO QUAL O MELHOR SUPLEMENTO DE FERRO PARA AS CRIANÇAS?

Na minha opinião, sem dúvida é o Ferro de alta absorção pelo organismo, como por exemplo o ferro nanoencapsulado, associado a outros micronutrientes (minerais e vitaminas). Esse tem maior absorção, não provoca efeitos colaterais e não tem gosto ruim, diferente do ferro comum encontrado nas farmácias, que além de não serem bem absorvidos, tem sabor ruim e podem provocar efeitos colaterais.

Foi baseado em pesquisas científicas sérias o motivo pelo qual sugeri no meu pós-doutorado (que virou um capítulo do livro do Dr. Secchi M, 2019) o uso anual de 60 a 120 doses (2 a 3 vezes por semana) do ferro nanoencapsulado associado a outros micronutrientes para prevenir a anemia em nossas crianças.

A deficiência de ferro ou a anemia por deficiência de ferro pode trazer vários problemas para as crianças, como em seu desenvolvimento físico e intelectual e na sua imunidade, deixando-as mais vulneráveis a contaminações por vírus.

anemia ainda é um problema muito sério e negligenciado no nosso país, e que pode ser resolvido rapidamente através de a suplementação preventiva de multimicronutrientes com nanotecnologia, que são melhor absorvidos pelo organismo, e com o estímulo a uma alimentação mais saudável, rica em frutas e verduras orgânicas (sem agrotóxicos), carnes magras e alimentos integrais.

A saúde dos filhos depende diretamente da atitude dos pais.

ATENÇÃO!

Não existe nenhuma evidência científica que infusões de soros com vitaminas, minerais, aminoácidos e outros nutrientes tenha efeito preventivo contra o novo coronavírus.

Como a correção do ferro e da anemia por deficiência de ferro pode demorar de algumas semanas a 3 meses, é muito importante nesse momento de pandemia seguirmos corretamente as orientações para evitar o contágio.

  • Lavar bem as mãos;
  • Evitar aglomerações;
  • Evitar abraços e apertos de mãos;
  • Manter a distância mínima de 1 metro das outras pessoas;
  • Ao tossir ou espirrar use lenços descartáveis ou antebraço.

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