Enquanto alguns comércios correm para elaborar um sistema delivery eficaz e empresas criam esse serviço para suprir a demanda, quem já estava preparado sai na frente
A pandemia fez com que diversos hábitos fossem modificados, extintos ou valorizados. E dentre esses últimos, está o sistema delivery.
Um levantamento realizado pela OnYou em abril deste ano aponta um crescimento de 89% de pedidos de entrega em restaurantes, seguido de 32% em farmácia, 29% nos supermercados, 14% para bebidas e 10% nos pet shops.
Esses dados mostram que muito do que se consumia antes ficou de fora, como o vestuário, que talvez não seja considerado item de primeira necessidade ou se encaixe no estilo de comércio que não estava preparado para essa crise, com um serviço delivery pronto.
Isso porque, de acordo com a mesma pesquisa, a credibilidade do serviço de entrega também conta muito, tanto que o IFood é o líder, com 69%, seguido pelo WhatsApp e telefone do estabelecimento, com 55% e 36%, respectivamente.
Ou seja, quem já possuía um suporte de entrega, inclusive até um app para isso, saiu na frente com a pandemia.
Conversamos com Leandro Cantini, diretor do CarioSushi Delivery, empresa carioca especializada na culinária japonesa e que atende apenas com serviço de entrega, para sabermos o quanto estar preparado ‒ assim como outros elementos dentro do estabelecimento ‒ ajudam a fazer a pandemia se converter em rentabilidade.
Foco nos Negócios – Com a pandemia, qual foi o aumento dos pedidos no CarioSushi comparado com o normal, que já é uma empresa voltada para o delivery?
Leandro Cantini – Com a chegada da Covid-19, nossa operação cresceu de forma exponencial.
Normalmente, já temos um crescimento anual de aproximadamente 20%. Durante apenas 3 meses de pandemia (março, abril e maio), nossa operação cresceu 52% e continuamos crescendo de forma considerável.
FN – Antes da pandemia, quantos pedidos eram feitos (em média) aos finais de semana e dias de semana?
LC – Antes da Covid-19, nossa operação atendia, em média, durante a semana, 150 pedidos por dia, e aos finais de semana atingíamos uma média diária de 200 pedidos. Durante a pandemia, essa média foi para 230 pedidos por dia durante a semana e 300 pedidos por dia aos finais de semana.
FN – Não estar preparado no sistema delivery é um ponto que “pegou” muitos comerciantes. No caso do CarioSushi, como você vê essa relação de já ter esse sistema pronto e praticamente preparado para essa crise?
LC – Sim, muitos comerciantes sofreram muito e ainda sofrem para se adaptar ao delivery. No CarioSushi foi muito fácil receber a alta demanda, pois já estamos acostumados e temos muito know-how.
Já recebemos altas demandas em datas comemorativas, então, só precisamos replicar por mais tempo o que já fazemos normalmente.
Está claro há muitos anos que restaurante presencial e restaurante delivery são operações distintas e devem ser operadas separadamente. Nossa operação é feita para o delivery, por isso, nosso foco e dedicação é para esse objetivo.
FN – A culinária japonesa é bastante apreciada, mas os restaurantes concorrem com outros da própria gastronomia e de outras também, como a pizza, uma das líderes em pedidos (inclusive, a de calabresa é a mais pedida, sendo 40% do total, seguida de portuguesa e marguerita, que dividem o segundo lugar com 21%). Como fazer e o que oferecer para se destacar diante da concorrência? Ou não há como concorrer com a pizza, já que analisando as mais pedidas, linguiça, presunto e ovos – por exemplo – são iguarias que não entram no cardápio da gastronomia japonesa, então, são públicos distintos?
LC – A concorrência existe em todos os setores e o da alimentação é apenas mais um. Temos que entender que “pizza” e “japonês” não concorrem diretamente, a concorrência existe através do desejo do consumidor.
O restaurante vai se destacar causando esse desejo no consumidor com campanhas de marketing por meio de fotos reais e a própria experiência de outros consumidores sendo compartilhadas. Nós buscamos nos destacar assim: fazemos com que o desejo de consumo aconteça e se converta em pedido.
Se o consumidor gosta de ambas as culinárias, terá espaço em sua semana para que peça o japonês e a pizza.
FN – Em sua opinião, o que o cliente leva mais em consideração na hora de escolher um restaurante de culinária japonesa para fazer o pedido: o preço, a embalagem, o tempo de entrega ou a opinião de outros clientes?
LC – Todos os critérios são importantes, mas nenhum deles de forma individual. A opinião de outros consumidores é a união de todos os fatores.
Se você tem bons comentários, significa que está sendo bem pontuado nós outros critérios. Aqui no CarioSushi, entrega rápida e uma ótima apresentação são fatores de grande peso para escolha do consumidor.
FN – E para você, o que é primordial para um restaurante delivery ter sucesso?
LC – O essencial é o restaurante ser “delivery“! Enquanto os donos de restaurante acreditarem que podem ter dentro de uma única operação atendimento a público e delivery juntos, vão prestar um mal serviço em uma das operações.
O restaurante delivery deve acreditar em sua essência que precisa proporcionar ao consumidor uma verdadeira experiência gastronômica na casa do consumidor.
Não é mais só o trabalho de um grande chef de cozinha como nos restaurantes tradicionais para ter um bom prato, e sim a união de esforços e processos de toda uma operação para fazer isso acontecer.
Serviço:
CarioSushi Delivery – www.cariosushi.com.br